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Será a primeira vez que falo deste assunto depois de o ter feito, não tive coragem de tocar mais nele, mas a vontade de falar é desesperante. Fiz um aborto à uma semana atrás, tenho 19 anos e terminei o secundário. Nunca esquecerei aquela horrível manhã, sentir as minhas mão super húmidas sentada e a pensar no resultado embora dentro de mim saberia que um ser minúsculo estaria a formar-se dentro de mim, mas esperei sempre um negativo. Quando tive aquele papel, desmanchei-me em pedaços. Chorei. Queria gritar, aquilo a mim não me poderia estar acontecer. Estava gravida de 7 semanas, em algum momento poderia me sentir mãe, tentei não desenvolver um vínculo afetivo por aquilo que crescia dentro de mim, aquele mero amontoado de células. Não desenvolvi uma subjetividade mínima para dizer as palavras "filho" ou "sou mãe" com o tal amontoado de células que se multiplicavam dentro de mim, e que causavam primeiro sintomas: muito sono, inchaço nos seios, enjoos. Naquele momento não podia haver vínculo, essa construção sócio-cultural e emocional que entendo essencial para configurar uma relação de maternidade. Eu quero um futuro diferente.  E aquilo dentro de mim, naquele momento, não era um filho. Era um problema a resolver. Desagradável, sem dúvida. Acho que durante 19 anos nunca tinha sofrido tanto. Depois de tudo experimentei um dos maiores sentimentos de alívio nesta vida. Espero que tudo passe, o sentimento de arrependimento e a dor de saber que um dia não poderei ser mãe quando o desejar. 

2 comentários:

  1. Olá, vi sobre seu blog no grupo Divulga teu blog do face, achei muito fofinho e estou seguindo. Aproveito para te convidar para conhecer o meu, recém feito mas será um prazer ter vc por lá e se gostar e quiser curtir melhor ainda. Segue o link. bj

    www.diamondteen.com

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    1. muito obrigado!
      darei uma vista olhos mal possa.
      obrigado e um beijinho grande :)

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